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Clássicos da literatura: descubra novos cenários para suas viagens

classicos da literatura

Conte para nós: entre as suas últimas leituras, existe espaço para os clássicos da literatura? Quais são as suas referências?

Após a pandemia houve um aumento do prazer da leitura, e os livros ganharam destaque como uma forma de entretenimento rica e envolvente, rivalizando com as ofertas das plataformas de streaming.

Essa é uma ótima notícia, especialmente em um país onde a leitura tem diminuído!

Como apaixonada por arte e história há mais de 20 anos, sei bem como é receber olhares enviesados quando a conversa gira em torno de minhas últimas leituras ou sobre meu livro preferido. Isso acontece não apenas com a literatura, mas também com filmes e séries!

A Importância dos Clássicos da Literatura

Para mim, a curiosidade sempre foi uma constante. Desejo ver além do meu mundo, entender outras culturas e, por isso, busquei os clássicos da literatura. Afinal, eles fascinam gerações há muito tempo — e deve haver um bom motivo, certo?!

Deve vir daí o meu gosto por viagens culturais.

No entanto, percebo que muitos jovens não têm essas referências, e o que é mais preocupante, muitas pessoas da minha faixa etária também. Mas, com tantos livros contemporâneos incríveis disponíveis, por que voltar à leitura dos clássicos da literatura?

Embora os lançamentos modernos mereçam nossa atenção, não podemos esquecer que essas obras profundamente enraizadas na história e na cultura nos oferecem uma rica perspectiva que as novas narrativas, por mais emocionantes que sejam, muitas vezes não conseguem transmitir.

Mas, com tantos livros atuais, por que ler os clássicos da literatura?

Sem dúvida há muitos livros recém lançados incríveis, que merecem a nossa total atenção. Isso não se discute!

Mas, o que sugiro neste post, é mesclar essas leituras com outras, de outras culturas, livros escritos há mais tempo, e que ainda têm tanto a nos dizer.

Os tempos mudaram, é certo, e estamos vivendo um reposicionamento cultural necessário, também concordo. Mas não me parece correto mudar o passado ou reescrever a História. Sob pena de não aprendermos com os erros cometidos.

Narrativas que sobreviveram ao tempo: e por que valem a leitura

Ainda muito jovem li a Ilíada, de Homero. Era uma versão simplificada mas, me encantei perdidamente com a estória da Guerra de Tróia e o livro despertou meu interesse pela mitologia grega.

Graças a isso as temáticas das pinturas e esculturas dos períodos Barroco e Renascentista fazem mais sentido.

Classicos da Literatura
Detalhe da escultura Rapto da Sabina, de Gianbologna — baseada em um dos eventos da mitologia romana.

Mais tarde reli uma versão mais completa da Ilíada, e também da Odisséia e continuo achando que vale a pena. Mesmo que eu jamais tenha concordado com a escolha dos deuses em privilegiar Aquiles em detrimento de Heitor ou porque Ulisses demorou tanto para voltar para Penélope — desculpe o spoiler!

Clássicos da Literatura e os lugares de cada estória: um motivo a mais para descobrir cada destino

Itália

Acho O Príncipe, de Maquiavel um must. O tratado político pensado para Lorenzo de Médici no começo do século XVI ainda é atual, desde que não levado ao pé da letra, claro!

E ter lido esta obra faz com que uma visita a Florença, a capital do Renascimento, faça ainda mais sentido.

Outra referência do período é A Divina Comédia, de Dante Alighieri. É deste autor que herdamos a nossa visão de Inferno!

Ao conhecer a obra dá para perceber como foi importante — já que a imensa maioria dos artistas que fizeram as representações de pinturas de céu e inferno das igrejas barrocas de Roma estavam familiarizados com as descrições de Dante.

E como não lembrar das estórias de Shakespeare que se passam na Itália?

A Verona de Romeu e Julieta, Pádua da Megera Domada e Veneza, locação de O Mercador de Veneza e de Othelo.

classicos da literatura
A magnífica Veneza: cenário de tantos livros incríveis. Além dos citados de Shakespeare lembro de Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Mas confesso que minha história preferida é Hamlet — e por isso foi verdadeiramente emocionante visitar o Castelo de Kronborg, a menos de uma hora de Copenhagen.

Espanha

Não curte as intrigas shakespeareanas? Sem problemas!

Que tal render-se à saga do sonhador Dom Quixote, de Cervantes? Quantas vezes já vimos repetida a imagem de uma pessoa lutando contra perigos imaginários?

Este clássico da literatura é tão importante que é tido como um dos melhores livros de todos os tempos, e sua importância para o país é tamanha que o castelhano muitas vezes é referido “como la lengua de Cervantes”.

Ah, mas isso tudo é muito antigo! Ou, muito óbvio. Então vamos mais para a frente.

Clássicos dos anos 1800

Quem pode discordar que Dom Casmurro, de Machado de Assis segue atual? Ou, mais ainda, Memória de Um Sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida?

São reflexos de um Rio de Janeiro que já não existe — mas fazem parte do imaginário de diversas gerações.

Ah, mas você pode estar pensando: “literatura brasileira todos conhecem!”. Será? Tomara!

Então voltemos aos europeus!

Alemanha

Começo com meus preferidos: Os Buddenbrooks, de Thomas Mann; e Fausto, de Goethe. Foi devido a estes livros que me interessei por destinos como Lübeck e Leipzig, dois destinos na Alemanha que já recomendamos por aqui.

Também publicamos um post para conhecer a Lübeck de Thomas Mann. Vale ler e viajar ao charmoso destino.

classicos da literatura Goethe
Estátua de Goethe em praça do centro histórico de Leipzig — onde ele estudou e cenário de Dr. Fausto.

Rússia

Prefere os dramas russos? Tanto Crime e Castigo, de Dostoiévski como Anna Karenina e Guerra e Paz, os dois últimos de Tolstói, retratam de maneira impressionante aquele período pré-revolução.

Por nós, um destino ainda a ser explorado.

Algo mais leve? Que tal as obras da inglesa Jane Austen?

Inglaterra

Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade ou Emma? Embora as três tenham montagens impecáveis na cinematografia, não é o mesmo que ler e imaginar.

Sabia que Austen viveu vários anos em Bath? Também vale fazer um tour pelas locações de seu filme de época preferido!

França

Acho curioso ver mulheres chegarem aos 30 e não terem curiosidade para ler A Mulher de 30, de Honoré de Balzac! Verdade, o termo balzaquiana caiu em desuso, mas como já escrevi e vivo repetindo: não dá para a mudar a História.

Na mesma linha há outro clássico da literatura que foi diversas vezes adaptado ao cinema: Madame de Bovary.

Óbvio que os tempos mudaram, mas acho educativo saber que naquela época uma obra de sucesso escrita por Flaubert deixava claro que mulheres infiéis mereciam a infelicidade.

O autor foi levado aos tribunais por causa deste livro! E, o triste é que ainda tem muito brucutu com a mesma mentalidade do final do século XVIII nos dias de hoje.

De qualquer forma, as descrições da vida pacata em uma cidade na Normandia podem render uma visita a esta região tão interessante da França. Já escrevemos aqui no blog sobre um dos lugares mais visitados do país, o Mont Saint Michel.

Mas como não citar Vermelho e o Negro, de Stendhal, ou os edificantes Conde de Monte Cristo e Os Miseráveis, respectivamente de Alexandre Dumas e Victor Hugo — não dá para não torcer pelos heróis.

E deixo para o fim o meu preferido: Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos. Escrito originalmente em formato de cartas é um dos livros mais marcantes e inovadores. E eu espero jamais encontrar alguém como a Marquesa de Merteuil!

Mas como não querer saber mais sobre como era a vida da aristocracia francesa e conhecer os muitos castelos e palácios espalhados por todo o país?

Portugal

Começo pela obra prima da Era Dourada das Descobertas: Os Lusíadas, de Camões. Sempre me emociono quando leio:

As armas e os barões assinalados

que da ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca de antes navegados,

passaram ainda além da Taprobana

Em perigos e guerras esforçados,

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

Canto Primeiro, Os Lusíadas, Luiz Vaz de Camões

Não dá para entender o período das navegações sem ler este livro, sem conhecer a Arquitetura Manuelina, assim como não deve haver visita a Lisboa sem uma ida ao Mosteiro dos Jerónimos.

Mas, não dá para deixar de citar o genial Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, com suas sátira de personagens que ainda podemos reconhecer em alguns nos dias de hoje, mais de 500 anos após a obra ter sido publicada.

Mas, concordo, são livros antiquíssimos e podem não interessar a todos.

Então vamos de Eça de Queirós. Como não adorar Os Maias e O primo Basílio? Aquela Lisboa ainda pode ser conhecida, embora a cidade tenha se modernizado bastante nas últimas décadas.

E ainda tem Fernando Pessoa e sua obra atemporal; seguimos repetindo muitas de suas frases, que continuam atuais.

E não posso deixar de indicar um livro que está entre os meus preferidos: Memorial do Convento, de José Saramago. Leia antes de visitar o Palácio de Mafra. Este que já é um dos clássicos da literatura portuguesa é um romance sobre a construção do edifício — uma das obras que apresentamos em nosso livro “O Barroco no Reinado de D. João V“.

A imagem superior deste post é da biblioteca deste palácio.

Classicos da literatura Mafra
A gigantesca fachada do Palácio de Mafra, obra barroca que é o pano de fundo do livro Memorial do Convento, de Saramago.

Achou que eu esqueceria grandes nomes sul-americanos?

O chile de Pablo Neruda

Um dos grandes poetas da língua espanhola na verdade se chamava Ricardo Basoalto; Neruda era um pseudônimo que depois tornou-se nome oficial.

Ir a Santiago pede uma visita a Chascona — como é conhecida a sua casa na cidade. É interessantíssima! E ainda há outra, em Valparaíso.

Eu em frente a Chascona — no bairro da Bellavista, em Santiago do Chile.

A Colômbia de Gabriel Garcia Marques

Se quiser entender mais sobre a Colômbia e, sobretudo, antes de visitar a belíssima Cartagena de Índias, recomendo ler Cem Anos de Solidão e O Amor nos tempos do Cólera.

O realismo mágico com que Gabo mistura suas memórias de menino ao universo do país são extremamente interessantes. E cheia de cores!

A Argentina de Jorge Luís Borges

O tom exagerado e bastante irônico deste autor que perdeu a visão na meia idade ajuda a compor um quadro da vida e costumes na Argentina do século XX.

O Peru, de Mario Vargas Llosa

O Peru é um dos países mais fantásticos da América do Sul nos deu o grande Vargas Llosa, escritor, jornalista e professor que segue escrevendo textos afiados, já tendo passado dos 85 anos.

Nascido da belíssima Arequipa foi o vencedor do Nobel de Literatura de 2010.

Sim, faltaram vários autores e muitos clássicos da literatura!

Sem pretensão de fazer uma lista fechada, vou ficando por aqui, consciente de estar deixando muito autor importante e livros incríveis fora deste apanhado com os meus preferidos.

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Afinal, a verdadeira viagem é aquela que não só nos encanta, mas também nos educa.