Em uma viagem ao norte da Alemanha recomendamos que conheça Lübeck: uma cidade medieval, que foi centro da importante Liga-Hanseática. Era a cidade líder e por isso conserva em seu nome oficial Cidade Hanseática de Lübeck, em alemão Hansestadt Lübeck.
Além de ser a terra do marzipan e de sua longa e interessante história, Lübeck, também grafado em português como Lubeque, ou Lubeca, é a terra natal de Thomas Mann — um dos maiores nomes da literatura alemã.
E é na cidade onde Mann nasceu e cresceu que se passa Os Buddenbrook, seu primeiro romance.
Onde fica Lübeck?
Lübeck fica em Schleswig-Holstein, o mais ao norte dos 16 estados que compõe a Alemanha.
Conheça a Lübeck dos Buddenbrooks
Mesmo que não tenha lido o ótimo Buddenbrooks, ou que ainda não tenha conheça os livros de Mann saiba que um dos lugares mais visitados no destino é a Buddenbrookshaus, um museu no que teria sido a residência dos Buddenbrook, uma construção de 1758.
Na verdade, era a casa da família Mann — onde viveu Thomas, seus irmãos e seus pais: um senador de Lübeck e a esposa Júlia da Silva Bruhns.
Sabia que a mãe de Mann era brasileira?
Essa é uma curiosidade interessante: Júlia da Silva Bruhns nasceu em Angra dos Reis — seu pai era um alemão casado com uma brasileira, produziam cana-de-açucar e circulavam pelo Rio e Santos.
Ainda menina, após a morte da mãe, Júlia foi estudar na Europa, mas jamais esqueceu a infância e escreveu bastante sobre as suas lembranças e sua família. Seus cinco filhos cresceram ouvindo estas narrativas.
Thomas Mann nasceu em Lübeck em 6 de junho de 1875. Mudou-se para Munique só após a morte do pai, em 1894, quando já tinha quase 20 anos.
Não terminou o ginásio e vivia da herança do pai. Aos 21 anos começou a escrever e viajou para a Itália, com o seu irmão Heinrich — também escritor. Trabalhou inicialmente na redação do jornal Simplicissimus e lançou seu primeiro romance em 1901: Os Buddenbrook.
Ele tinha apenas 25 anos e alcançou sucesso imediato, tornado-se famoso em toda a Europa.
Para saber o que não deve perder em Lübeck
Como é um destino fantástico, já publicamos os seguintes posts que recomendamos ler:
- Lübeck, a cidade hanseática medieval;
- Viagem a Lübeck e a lenda do diabo na igreja;
- Marzipan de Lübeck: descubra a delícia do norte da Alemanha;
- Travemünde: uma praia no Mar Báltico.
Um dos grandes nomes da literatura mundial
O livro relata a saga de uma rica família de comerciantes e, embora o nome da cidade não seja citado na obra, fica bem claro tratar-se de Lübeck pelos detalhes relatados.
O romance tem como pano de fundo eventos históricos que remodelaram a Alemanha: a Revolução de 1848, a Guerra Austro-Prussiana e a fundação do Império Alemão, em 1871.
Iniciando em 1835 o livro apresenta a família Buddenbrook, composta pelo patriarca Johann Jr. e sua esposa Antoinette; o filho destes, Johann III e sua esposa Elizabeth, com seus filhos Thomas, Christian e a filha Antonie, apelidada Tony.
Thomas e Tony são os principais personagens do enredo, centrado no sucesso empresarial de Thomas e nas opções sentimentais de Tony. Os demais personagens contribuem para a sofisticação e enriquecimento da narrativa.
Tony, assim como outras personagens que viriam depois, teve forte inspiração em Júlia, a mãe brasileira do autor.
Apesar do grande sucesso, o livro causou diversos conflitos na família Mann e na sociedade da cidade: circularam diversas listas especulativas tentando descobrir em quem teriam sido baseados cada personagem, e quais os fatos verdadeiros.
Hanno, o caçula dos Buddenbrook, era uma versão do próprio Thomas Mann. Um de seus tios chegou a ir a um jornal para protestar contra a publicação, após ter-se reconhecido no personagem Christian.
O livro finaliza após inúmeras e bem construídas tramas, poucas alegrias e grandes decepções. E aí vai um spoiler: termina com a ruína total da família.
Aliás, há um filme excelente sobre o livro: Buddenbrooks, dirigido por Henrich Breloer, de 2008. O papel do patriarca Jan é um desempenho fantástico do sempre bom Armin-Mueller-Stahl, e August Diehl desempenha Christian.
Muito além de Lübeck e dos Buddenbrook
Embora apresentasse tendências homossexuais, em 1905 Mann casou-se com Katia Pringsheim — uma judia de família rica com quem teve seis filhos.
Em 1929 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, atribuído notadamente por seu primeiro romance: a saga da família Buddenbrook. Escreveu ainda os também aclamados Dr. Fausto e Morte em Veneza.
Opositor do governo nacional-socialista, o qual questionava em seus artigos e falas, teve as suas publicações proibidas. Em 1938, com a subida de Hitler ao poder, a família Mann mudou-se para a Suíça e, em 1944, naturalizaram-se norte-americanos.
Terminada a guerra, Thomas Mann voltou à Europa, visitou a Alemanha algumas vezes e viveu na Suíça. Morreu em Zürich em 1955, aos 80 anos.
Outros lugares citados no romance Buddenbrook
As férias felizes de Tony em Travemünde foi o que nos motivou a nos hospedarmos por ali. E já contamos que é um dos mais importantes portos do país, ideal para quem quer incluir em sua viagem cidades mais ao norte, como Copenhagen e Estocolmo.
E tem mais um lugar para tomar nota para que conheça a Lübeck de Mann: o Shiffergesellschaft — um dos restaurantes mais antigos do mundo!
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Alfredo recomenda provar o arenque com creme de leite, que é um de seus pratos preferidos. E este é um dos lugares frequentados pelos personagens do livro Buddenbrooks.
Para quem, como eu, torcia por um final feliz de Tony com seu amor de juventude, Morten, é impossível não fazer questão de dar, ao menos, um pulinho até o balneário Travemünde. Ali a antiga Kurhaus é atualmente o Maritim Strandhotel Travemuende. E quando estivemos lá havia a réplica de barco naufragado na praia que mostramos abaixo— mais uma alusão aos dois personagens de Mann.
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