Para entender o que é o Neoclássico, tema de um de nossos livros, é preciso voltar à Antiguidade e explicar o que é o estilo Clássico, ou a Antiguidade Clássica.
Afinal, sem isso é impossível ter uma mínima ideia da cronologia na História da Arte. E, portanto, fica difícil diferenciar a Arte e Arquitetura de períodos tão distintos, e com tantas semelhanças.
O estilo Clássico na Arte e Arquitetura
É quando a forma arquitetônica apresentou, pela primeira vez, os valores ideológicos de duas sociedades que serviram de modelo para o desenvolvimento da maioria das cidades europeias:
- a Grécia, desde o século VIII a.C.;
- e o Império Romano, que perdurou até a sua queda, em 476 d.C..
Nestes mais de mil anos de História estas duas sociedades tiveram uma produção estética muito representativa.
E parte delas chegou até os nossos dias — talvez, por isso, sejam uma referência tão importante da Arte Ocidental.
As obras gregas e romanas sempre foram valorizadas como elegantes, e deixaram modelos que seriam retomados pela primeira vez após o fim da Idade nas Trevas, com o Renascimento.
E como não é de hoje que a Arte vai e volta, o estilo clássico seria novamente referência, servindo de modelo para a produção do que ficou conhecido como Neoclássico, ou Classicizante.
Depende da nomenclatura adotada em cada país.
E isto pode gerar uma certa confusão! Mas vamos dar umas dicas para facilitar o entendimento. E assim colaborar para você não dar um fora, ou marcar bobeira quando for usar esta nomenclatura.
Explicando um pouco mais com exemplos
É bom deixar claro que a antiguidade grega e romana sempre estiveram ligadas aos ideais democráticos e republicanos destas duas nações. Da mesma forma que ao heroísmo de seus homens, à ética e à razão.
Foi no período do estilo Clássico em que floresceram a ciência e a matemática. Também foi quando nasceu a filosofia e as artes como um todo, desde a literatura, passando pelos mais cultuados exemplos de escultura.
Citamos aqui duas bastante conhecidas: como as helenísticas Vitória de Samotrácia e Vênus de Milo: duas das maiores campeãs em visitação no Louvre, em Paris.
Já deu para perceber como ter uma noção do que foi o estilo Clássico é importante, não é mesmo?
Em termos de arquitetura, foi quando se desenvolveram importantes elementos construtivos e surgiram as chamadas três ordens clássicas:
- Dórica;
- Jônica;
- Coríntia.
Estas ordens construtivas foram repetidas ao longo dos anos e continuam a aparecer em projetos de arquitetura de quando em quando.
O estilo Clássico nos deixou diversos exemplos, que hoje fazem parte dos acervos de diversos museus espalhados pelo mundo afora, sobretudo na Europa.
E sobraram também algumas construções, muitas das quais em ruínas.
O “mito do branco” do Estilo Clássico
Nos acostumamos com o branco das belíssimas esculturas da Antiguidade.
É assim que chegaram aos nossos tempos, e como as vimos nos museus pelo mundo afora.
Mas há alguns anos especialistas europeus começaram a se dedicar a desvendar os pigmentos que sobraram nestas peças. E quer saber? Descobriram que eram coloridas!
As cores se perderam ao longo dos séculos, mas pesquisadores estão estudando para saber, ao certo, como eram as obras do estilo clássico.
Embora ainda falta saber ao certo se as pinturas tinham camadas, sombreados, quais eram os pigmentos utilizados. Mas mesmo a cor da pele era pintada, com destaque para olhos, lábios e até dentes.
Um dos primeiros lugares em que se formou uma equipe multidisciplinar e continua trabalhando nisso é no NY Carlsbert Glyptotek — um dos museus mais bacanas de Copenhagen, na Dinamarca.
Mas existem muitas outras instituições envolvidas, em diversos países europeus.
Foi na Glyptotek que fizemos a foto acima, em uma exposição que explicava a questão das cores nas esculturas.
E como nasceu o Neoclássico
Quando o Barroco passou a ser visto como uma arte ligada ao Absolutismo foram retomadas as formas da Antiguidade Clássica, tendo início o que ficou conhecido como o Novo Clássico: Neoclássico.
Repetindo o que se acreditava naquele momento as esculturas são sempre brancas, contudo foram retomadas cores usadasdo passado na Arquitetura — de acordo com o que sobrou em obras gregas e, sobretudo, romanas.
Isso foi possível e incentivado com a descoberta de Herculano e Pompéia, duas cidades romanas destruídas pelo Vesúvio no século I.
As cinzas protegeram as cores das paredes e uma das mais usadas no período Neoclássico passou a ser, justamente, o chamado “vermelho Pompéia”.
Mais de 1000 anos de história separam o Clássico do Neoclássico
Então, não erre: se são obras da Antiguidade greco-romana trata-se do estilo Clássico. Se são mais atuais, só podem ser Neoclássicas.
Vale para as artes como um todo: tanto para a arquitetura quanto para a escultura. Assim vai ficar mais fácil diferenciar os dois estilos, separados por centenas de anos.
A seguir apresentamos a ordem dos estilos artísticos ao longo do tempo e de uma maneira simplificada. A saber:
- Clássico;
- Românico;
- Gótico;
- Renascentista;
- Barroco;
- Neoclássico;
- Art Nouveau;
- Art Déco;
- Arte Moderna;
- Arte Contemporânea.
Assim, acreditamos estar contribuindo para diminuir a confusão que ocorre entre um e outro — algo bastante comum àqueles que não tem uma ideia de como se desenvolveu cronologicamente a História da Arte.
E para quem quiser saber mais
Em nosso livro Do Reino Unido ao Império, Seis anos decisivos apresentamos alguns exemplos do estilo Clássico e explicamos detalhadamente como se desenvolveu o Neoclássico.
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