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Escola Cusquenha: conheça mais do Barroco no Peru

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A Escola Cusquenha é resultado da miscigenação da arte trazida pelos espanhóis com a cultura inca da população de Cusco.

E quem já nos conhece sabe que o período Barroco é uma de nossas paixões, sobre o qual já escrevemos o livro O Barroco no reinado de D. João V. (Para conhecer tudo sobre este estilo de arte e ver os exemplos mais lindos em Portugal e no Brasil, clique e conheça o nosso livro).

O conjunto artístico das construções, esculturas e pinturas da chamada Escola de Cusco é conhecido na História da Arte como Barroco Mestiço, mas pouca gente sabe que as pinturas da chamada Escola Cusquenha continuam a ser repetidas, e vendidas, até os dias de hoje.

Elas são a temática deste post, e um motivo a mais para conhecer a cidade mais importante do Vale Sagrado no Peru.

Contexto histórico

Os homens de Francisco Pizarro desembarcaram no que hoje é Peru em 1531 e já no ano seguinte atacaram a capital do Império Inca, Cusco.

Em 1533 já haviam dominado totalmente a situação e ali fundaram a sua Plaza de Armas, iniciando em seguida a construção de igrejas católicas.

De forma mais violenta que os portugueses no Brasil, os colonizadores espanhóis escravizaram os indígenas, usando-os como mão de obra.

A Arte Barroca ganha uma expressão local

Naquele tempo a forma mais eficiente para converter os locais ao catolicismo era a partir da arte. Por isso, padres pintores foram trazidos como missionários e começaram o que depois seria conhecido como Escola de Cusco, ou Escola Cusquenha.

Com a missão de produzir a decoração das igrejas ensinavam aos incas a arte ocidental — naquele período o estilo barroco. Óbvio que os indígenas não conheciam as paisagens do Velho Mundo, e estranhavam as feições europeias.

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Cusquenho do acervo do Mosteiro de Santa Catalina, em Arequipa

A Escola Cusquenha: parte da manutenção da cultura incaica

Os artistas locais foram, portanto, adequando às técnicas aprendidas com os mestres europeus ao que conheciam. Eles jamais se esqueceram ou abandonaram a própria cultura, mesclando às novas técnicas motivos pré-colombianos.

Assim aquela arte passou a fazer sentido para eles. Com o passar das décadas deixaram de copiar os modelos trazidos pelos espanhóis e reproduziram figuras locais, agregando os seus gostos, cores, fauna e flora.

Desta forma os personagens bíblicos ganharam feições indígenas. E este é o mesmo motivo que na Catedral de Cusco o cordeiro acabou sendo substituído pelo cuy, como prato central na reprodução da Santa Ceia.

O sucesso da Escola de Cusco

Os quadros conhecidos como cusquenhos seguem uma mesma técnica: são marcados pela falta de perspectiva, apresentam cores terrosas e bastante vivas — bem ao gosto local — e trazem certos símbolos da religiosidade dos incas.

Um bom exemplo é perceber que muitos mantos da Virgem Maria tem um formato marcadamente triangular, forma associada a deusa Terra dos incas: a Pachamama.

Os quadros, extremamente decorativos, foram levados para outras cidades do Vice-Reino do Peru e passaram a ser produzidos também no que hoje é Bolívia e Equador.

Nos séculos XVII e XVIII alguns pintores alcançaram fama por toda a América Espanhola e encomendas levaram suas obras à Argentina, Chile e outras regiões.

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Eu e uma das pinturas originais da Escola Cusquenha que decora o corredor do Hotel Monastério, em Cusco

Reprodução da fauna e da flora que conheciam

Além dos animais, como o cuy citado acima — uma espécie de porquinho-da-índia muito apreciado na gastronomia andina — as pinturas cusquenhas trazem representações estilizadas da flora regional. Uma das imagens que mais percebemos, tanto na pintura quanto na decoração arquitetônica, foram as flores de batata — tubérculo originário do Peru.

Veja na imagem que aparece na parte superior do post a flor da batata estilizada em moldura de pintura de época.

Por não compreender bem a imaginária da Igreja católica também é comum encontrar anjos com asas coloridas — semelhantes às dos pássaros.

A produção atual

Os cusquenhos continuam a agradar e fazem parte da decoração em residências, grandes hotéis e restaurantes. Mas não se engane: pouquíssimos são antigos e os que são, alcançam altos valores nos leilões.

A grande maioria é feita nos dias atuais: diversos artistas seguem reproduzindo obras do passado ou criam novas, seguindo a mesma técnica.

Onde encontrar exemplos da Escola Cusquenha?

Hora de concluir o post com uma informação interessante: quando estiver no Peru preste atenção às pinturas que decoram a catedral de Lima, as igrejas da cidade de Cusco e de Arequipa.

Querendo comprar uma obra atual não deixe de conferir as oficinas dos artistas no bairro de San Blas, em Cusco. Nós trouxemos uma que está em nossa sala de jantar!

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Alfredo e o artista da pintura que trouxemos para casa, comprada em um dos ateliês do bairro de San Blas, em Cusco

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