O Dia de Reis é comemorado entre a noite do dia 5 e o dia 6 de janeiro. A data encerra as festividades natalinas e dá início a cada Novo Ano.
Embora na região sudeste, onde vivemos, a data seja atualmente pouco expressiva aqui no Brasil, o dia 6 de janeiro é sempre quando são desmontadas as decorações e árvores de Natal. Aqui em casa mantemos essa tradição, mas explico abaixo o por que.
Tradições familiares
Quase a totalidade de minha família materna são espanhóis, ou descendentes — como a minha geração.
Com origem na Andaluzia, a belíssima região ao sul da Espanha, crescemos acostumados à música, ao jeito local e às principais tradições. Comemorar o Dia de Reis é uma delas.
O Dia de Reis na Espanha
Embora no calendário da Igreja Católica o día de los Reyes Católicos seja 6 de janeiro, na Espanha a comemoração começa no dia 5 e só termina no dia seguinte — de forma muito similar às nossas comemorações de Natal entre a noite do dia 24 e o 25 de dezembro.
É só nesta data que as crianças recebem os presentes e quando as cidades ficam mais festivas.
Enquanto por lá a véspera e dia de Natal são reservados a comemorações mais tranquilas, é no Dia de Reis em que todos confraternizam.
Cabalgata e guloseimas
Com origem na Idade Média no dia 6 de janeiro acontecem as Cabalgatas de Reyes: atualmente um desfile com carros decorados e todos nas ruas para acompanhar o cortejo. No passado iam à cavalo, daí o nome.
O ponto alto dos desfiles é o final, quando os três Reis Magos aparecem e distribuem balas, doces e pequenas guloseimas pelas ruas — por isso todos, sobretudo as crianças, levam saquinhos para guardar o que conseguirem alcançar.
A festa é uma celebração da chegada dos três Reis Magos à Belém: Melchior, Gaspar e Baltasar levaram ouro incenso e mirra ao menino Jesus, abrigado na manjedoura. Segundo os relatos o fato ocorreu em 6 de janeiro.
Nada de pedir presentes ao Papai Noel
Outra tradição bem diferente na Espanha é que as crianças não escrevem cartas ao Papai Noel, como acontece aqui no Brasil. Elas escrevem pedindo presentes aos três reis Melchior, Gaspar e Baltasar.
Ao invés de depositarem meias nas lareiras como fazem os americanos, deixam seus sapatos separados. Os mais caprichosos garantem copos de leite e bolachas para os reis, sem esquecer de oferecer algo como capim ou cenoura para os camelos.
O pior que pode acontecer é encontrar carvão dentro dos sapatos: indicação clara de não ter se comportado bem no ano anterior…
Roscón de Reyes, coroa e chocolate quente
No Dia de Reis além de acordar e procurar os mimos deixados nos sapatos, da troca de presentes entre familiares e amigos mais chegados e da comilança é tradição compartilhar do apreciado Roscón de Reyes.
O Roscón é um bolo doce, menos compacto que os panettones italianos, e leva frutas cristalizadas e secas. Em formato de guirlanda, é comum esconder pequenos brindes dentro da iguaria: quem os encontra dentro de seu pedaço ganha o direito de ser o rei da festa — e pode usar uma coroa, ainda que seja por um único dia.
Para acompanhar o bolo adocicado nada melhor que uma chícara de chocolate quente: bebida apreciada pelos espanhóis desde os tempos coloniais, quando trouxeram a iguaria da América Central.
O Dia de Reis em outros Países
Brasil
Aqui em algumas cidades se comemora a Folia de Reis, uma festa que também herdamos de nossos antigos colonizadores — os portugueses.
Portugal
De forma bem menos efusiva que os seus vizinhos ibéricos os portugueses também celebram a data, mormente com missas nas principais igrejas católicas do país.
Por lá também é servido o Bolo Rei, uma rosca semelhante ao roscón espanhol, mas que leva bastante amêndoa e é apreciado com vinho do Porto. Ele está presente em toda temporada de Natal em Portugal.
França
Os franceses apreciam a Galette des Rois: uma torta de massa consistente com um recheio cremoso de amêndoas.
Servida em toda a época das festas de final de ano é compartilhada entre as famílias no Dia da Epifânia, 6 de janeiro: quando os reis magos chegaram até Belém.
A Epifânia é uma festa com tradição nos saturnais dos antigos romanos. Nos primeiros dias de janeiro celebravam a data escolhendo um escravo para ser rei por um dia: ele comia e era tratado como um igual durante as festividades.
Naquele tempo escondiam uma fava no interior da galette. Já faz um bom tempo que o símbolo de sorte escondido na massa é um pequeno objeto de cerâmica: quem o encontra ganha o direito de usar a coroa.
Itália
Também celebram a Epifânia, com a mesma origem das tradições pagãs dos romanos. Atualmente tornou-se uma festa comercial, comemorada como a Festa da Befana.
A Befana é uma mulher muito idosa que leva doces para as crianças comportadas e carvão para as malcriadas. O marketing acabou transformando a velhinha em uma bruxa boazinha, que voa de janela em janela em sua vassoura.
O prêmio, ou reprimenda, é depositado dentro de meias deixadas nas janelas entreabertas.
É comum repetir por lá: “L’Epifania tutte le feste porta via” — que traduzo como a Epifânia dá fim às festividades.
Países Baixos
As crianças nos Países Baixos não recebem seus presentes no Natal, nem no Dia de Reis. Isso acontece na véspera do Dia de São Nicolau, na noite de 5 de dezembro. E é de praxe deixar uns cubinhos de açúcar para mimar o cavalo branco de Sinterklaas.
No Dia de Reis é comum os jovens juntarem-se para circular pelas redondezas cantando músicas natalinas. Em troca recebem doces, balas e outras delícias.
Finlândia
Na Finlândia, terra onde vive o Papi Noel para a maioria das crianças — as americanas acreditam que ele vive no Polo Norte — é tradição servir biscoitos de gengibre em formato de estrela no Dia de Reis.
Cada biscoito pode realizar um pedido: para dar certo é preciso quebrar em três pedaços o biscoito comê-los em silêncio. É bom treinar bastante, antes de tentar!
Dia de Reis: fechando as festividades e dando início a um novo ciclo
Que você aproveite a data e esteja pronto para o Novo Ano que começa!
Nós seguimos por aqui com posts semanais e em nosso Instagram: acompanhe!
