Hoje apresentamos um dos principais personagens históricos do período da invasão holandesa, informando que João Maurício de Nassau era alemão, e não holandês. Depois de ter vivido no Brasil voltou a Europa e passou a ser referido como o Brasileiro.
Foi um homem muito à frente de seu tempo, e merece ser mais conhecido:
Muito mais do que um protagonista do Brasil Holandês
Os sete anos em que João Maurício de Nassau esteve à frente do chamado Brasil Holandês deixaram mostras claras de sua sólida formação moral e capacidade administrativa. Mas hoje vamos focar mais nos outros feitos deste grande personagem histórico, continue lendo até o final e prometo que vai se encantar.
Vale demais conhecê-lo melhor!
Primeiros anos
Johann Moritz von Nassau-Siegen, mais conhecido por aqui como João Maurício de Nassau, ou só Maurício de Nassau, nasceu em 1604 no castelo de sua família em Dillenburg, perto de Frankfurt, na Alemanha.
A família Nassau era nobre e seu pai era primo de Willen von Nassau-Orange, homem que organizou as tropas e liderou os primeiros ataques contra os espanhóis na Guerra dos Oitenta Anos — que levaram a independência dos Países Baixos na primeira metade do século XVII.
O pai do nosso Nassau lutou contra os espanhóis, defendeu seu estado na Alemanha e foi coronel de campo na Suécia. Sua grande experiência militar o levou a fundar uma escola de guerra e cavalaria em seu castelo em Siegen. Como esperado, seu filho tornou-se um grande combatente.
João Maurício de Nassau estudou na Suíça quando menino, voltou a Siegen na adolescência e ingressou no exército neerlandês com apenas 15 anos. Nestes primeiros anos lutou ao lado de seu primo, o príncipe de Orange Moritz von Nassau, que era o homem à frente do governo e do exército na luta contra a Espanha.
Aos 20 anos nosso Nassau já era capitão. Foi importante nas primeiras vitórias militares dos neerlandeses e tornou-se homem de confiança do também primo Frederick Hendrik, que sucedeu ao meio-irmão Moritz von Nassau. Foi assim que João Maurício acabou sendo contratado pela GWC para administrar o Brasil Holandês.
Os sete anos no Brasil (1637-1644)
De forma muito resumida podemos condensar a temporada de João Maurício de Nassau no Brasil como uma demonstração de modernidade.
É só lembrar de sua lição de tolerância religiosa, pouco comum aos contemporâneos que administraram o Brasil Colonial, ou a sua preocupação com a urbanização de Recife.
Acabou sendo dispensado pela GWC justamente por preferir desenvolver a região, a simplesmente cuidar dos interesses da Companhia.
Deixou saudades em Pernambuco no ano de sua partida e jamais perdeu prestígio na Europa, para onde voltou no ano em que completou 40 anos.
A maturidade de Maurício de Nassau
João Maurício voltou aos Países Baixos e fixou moradia em Haia, construíndo sua mansão em frente ao castelo de seu primo, o príncipe de Orange Frederik Hendrik.
Lutou contra os espanhóis até o fim da Guerra dos Oitenta Anos, em 1648.
Sua residência, a Mauritshuis, literalmente Casa de Maurício, foi adornada com quadros e objetos trazidos dos tempos em que viveu no nordeste brasileiro. O local hoje é um dos principais museus dos Países Baixos e tem um acervo fantástico.
(É uma gravura desta residencia, a Mauritshuis, que ilustra a parte superior deste post. O artista é G. van Giessen, foi feita em Delft, em 1730).
De volta à Alemanha
Após 1648 nosso Nassau foi nomeado governador de Kleve, cidade perto da fronteira entre Países Baixos e Alemanha, então parte da Prússia. Logo depois foi elevado à príncipe do Sacro Império Romano Germânico.
Perto de completar 70 anos foi chamado pelo neto de Frederik Hendrik, Willem, para ajudá-lo a lutar contra os franceses, que haviam invadido os Países Baixos.
João Maurício era especialista em cercos militares e teve atuação admirável: chefiou os exércitos do jovem príncipe de Orange entre 1672 e 1676 — quando afastou-se do posto de marechal de guerra por sua idade avançada: estava com 72 anos!
O jovem Willem acabaria se tornando rei da Inglaterra, com o nome de William III.
Der Brasilianer: o Brasileiro
João Maurício de Nassau era extremamente hábil em combate, mas também era um homem culto e gostava muito de arte e arquitetura. Falava alemão, neerlandês, francês e latim e desempenhou para diferentes governantes europeus a função de diplomata.
Participou ativamente da urbanização de Kleve, onde viveu por muitos anos e envolveu-se mesmo com a projetos de desenvolvimento em Berlim, nos anos em que trabalhou para o Eleitor de Brandenburgo.
Morreu aos 75 anos, sem jamais ter se casado e sem deixar descendentes.
Não disse que valia a pena saber mais sobre Maurício de Nassau?
Agora que já conhece um pouco mais este grande protagonista da nossa história, sabe que ele foi figura importante na independência dos Países Baixos, na poderosa Prússia e até deu uma maõzinha para um rei da Inglaterra enfrentar os franceses.
Uma das casas que construiu para morar virou um sensacional museu em Haia e você já tem certeza de que ele era alemão, e não holandês…
Mas há muito mais passagens interessantes sobre o grande Maurício de Nassau em nosso livro sobre o Brasil Holandês. Lá você vai conhecer toda a família Nassau, entender o que motivou a invasão do nordeste, conhecer a verdade sobre a expulsão e ainda vai compreender a relação com os primeiros anos da cidade de Nova York.
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