Reims: conheça a irresistível capital da Champagne
Reims é uma das cidades mais antigas e interessantes na França, onde fica a mais bonita catedral gótica do país e capital da região onde se produz a bebida mais festiva do planeta: Champagne!
Você sabia que quando os romanos chegaram à região, há uns 2000 anos, já era um importante centro comercial e já produziam vinho?
Pois é! É por isso e muito mais que somos contrários àqueles que indicam conhecer Reims em um simples bate e volta de Paris. Não faça isso! Certamente, a capital da Champagne merece mais que uma rápida visita.
Como chegar
Reims fica a 130 km de Paris, próxima a fronteira com a Alemanha, Bélgica e Luxemburgo. A melhor solução para quem vai ficar na cidade é chegar lá de trem. É rápido e fácil!
No entanto, se pretende conhecer outras cidades no entorno talvez seja uma boa ir de carro. Mas, lembre-se: não vá dirigindo às caves de champagne. É certo que bebida e direção nunca combinam. E você não vai querer colocar em risco os seus dias na Champagne, certo?!
Um pouco da História para contextualizar
Em 80 a.C. os romanos chegaram a região e fundaram Durocortorum. A região prosperou e a cidade ancestral foi construída em pedra: para isto os romanos escavaram o subsolo, todo constituído de calcário.
No século V o local foi atacado por Atila e seu exército de Hunos. Logo depois, no ano 481, Clóvis I foi coroado em Reims — ele é considerado o primeiro rei do que se tornaria França.
No lugar de sua coroação, onde já havia uma igreja, foi construída uma catedral. A cidade continuou prosperando e, em 1211 foi iniciada a construção de Notre Dame de Reims — um projeto audacioso, que ficou pronto no final do século XIII.
Reims continuou a gozar de prestígio ao longo do tempo e ficou conhecida como a Cidade dos Reis: em sua catedral foram coroados nada menos que 33 reis franceses, ao longo de mais de 1000 anos!
Principais atrações
Reims é uma das cidades que mais gostamos na França, cheia de construções lindíssimas, museus com acervos fantásticos, ótimos restaurantes e um clima animado.
A Champagne é, também, uma das regiões mais ricas da França. E, é claro, das mais românticas!
Para ajudar a formatar um roteiro inesquecível por lá listamos abaixo as atrações imperdíveis:
- Catedral de Notre Dame;
- Museu de Belas Artes;
- Capela Foujita;
- Place Drouet-d’Erlon;
- Museu-Hotel Le Vergeur.
1 – Catedral de Notre Dame de Reims
Em nossa opinião, é a mais bonita catedral gótica da França.
O Gótico é um estilo construtivo que nasceu na França, justamente com esta catedral e a de Chartres: as duas são as maiores e mais importantes do país.
A Notre Dame de Reims e a de Chartres fizeram tanto sucesso na época que o estilo ganhou a Europa nos tempos medievais com o nome de “Obra Francesa”, ou “Arte das Catedrais” — como já explicamos em nosso post sobre a Catedral de Colônia.
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A fachada da Catedral de Reims impressiona e chega a paralisar a primeira vista: dizem haver mais de 2300 imagens. Impossível não ficar ali olhando e imaginando quantos homens trabalharam para colocá-la de pé.
Parece que a estrutura da fachada principal forma um bordado em pedra, com vazios deixados propositadamente para que o céu lhe dê ainda mais contraste.
Muito do que vemos hoje é resultado de restauros cuidadosos: a cidade foi severamente bombardeada pelos alemães na I Guerra Mundial e a catedral foi alvo: já que é parte importante do nacionalismo francês. A reconstrução durou de 1919 até a década de 1930.
Tempos de Paz
Pela simbologia e importância de Reims foi lá que foi assinada a Rendição da Alemanha, em 7 de maio de 1945. Foi o início um pacto de conciliação que perdura até a atualidade!
No final de 1962 o chanceler alemão Konrad Adenauer esteve em Reims, no que seria o início das conversas para a assinatura em janeiro de 1963 do Tratado de Amizade Franco-Alemão, que ficou conhecido como o Tratado do Eliseu — por causa do Palais de l’Elysée, residência oficial e sede do gabinete do presidente francês.
Todos os presidentes que governaram depois de Adenauer e De Gaulle mantiveram o respeito e amizade entre os dois países. Desde 1988 os acordos vêm sendo ampliados, em pastas importantes como Segurança, Defesa, Economia, Cultura e Meio Ambiente.
Em janeiro de 2019 Angela Merkel e Emmanuel Macron assinaram a renovação do acordo do Eliseu. Desta vez escolheram Aachen — uma das cidades mais antigas da Alemanha, tão simbólica para a história da cultura de seu país quanto Reims é para a França.
O Palácio de Tau
É a construção ao lado da catedral, que servia de residência aos reis e familiares nas coroações, sendo também a sede do arcebispado de Reims.
Quase tão antigo quanto a catedral a configuração atual é obra de uma imensa reforma, para adequar o Palácio de Tau ao gosto barroco de Louis XIV. O arquiteto responsável foi Jules Hardouin-Mansart — o mesmo responsável pelo projeto do Palácio de Versailles.
Atualmente é um museu e em seu interior estão expostos a história da Notre-Dame e das coroações que ocorreram ali, tesouros de ritos religiosos, réplicas de coroas e algumas esculturas.
O jardim é aberto ao público e é um local aprazível para descansar uns minutos depois de ver a magnitude da catedral. Não há cobrança de ingressos para entrar na catedral, e só não se pode fotografar durante as missas.
Em contrapartida, a entrada ao Palácio de Tau custa 8 euros, mas em dias de sol na primavera ou verão acho que vale mais tomar uma taça de champagne ali pertinho…
2. Museu de Belas Artes
Instalado na antiga Abadia de St. Denis hospeda um importante acervo e convida o visitante a apreciar obras do Renascimento à móveis e utensílios Art Déco.
Inclusive sugerimos prestar atenção à produção de Léonard Foujita, um artista franco-japonês muito bom e pouquíssimo conhecido por aqui.
3. Capela Foujita
O nome oficial é Chapelle Notre-de-la-Paix, mas é mais conhecida como Capela Foujita. É obra do nipo-francês Léonard Tsuguhara Foujita e fica perto das caves da Mumm.
Foujita nasceu e estudou em Tokyo e é considerado um dos grandes artistas japoneses do século XX. Viveu em Paris, conviveu com Picasso, Matisse e tantos outros grandes do período e se mudou para Reims no fim da vida, quando se converteu ao catolicismo.
Este foi o seu último trabalho, quando já estava com quase 80 anos. Ficou pronta em 1966. E é de uma delicadeza que emociona. Por isso, se for a Reims, não deixe de passar por lá!
4. Place Drouet d’Erlon
É a praça principal da cidade, no coração de seu centro histórico e a uns minutos a pé da imponente catedral. No meio da praça há uma fonte, a Fontaine Subé, em estilo Art Nouveau, e na parte superior uma linda imagem da Vitória, símbolo de Reims.
A fonte foi inaugurada em 1906 justamente para substituir uma estátua que ficava no mesmo lugar: do marechal napoleônico Jean-Baptiste Drouet-d’Erlon — daí o nome da praça.
Ela sobreviveu aos ataques da I Grande Guerra e permaneceu de pé. A Vitória fica a 17 metros de altura e todo o conjunto foi restaurado recentemente.
A região é restrita a pedestres e é o local mais animado da cidade: são dezenas de restaurantes e bares de todos os tipos e para todos os bolsos.
Impossível não achar algo que lhe agrade. E como se come bem em Reims!
Em breve vamos lançar um Roteiro Premium da cidade: com indicação de hotéis e restaurantes. E também contando sobre a produção de Champagne.
5. Museu-Hotel Le Vergeur
Um museu pequeno, instalado em uma propriedade construída nos tempos medievais, em estilo enxaimel.
O local foi residência da Madame Veuve Clicquot e de seus descendentes até ser adquirida pelo colecionador Hugues Kraft, em 1910. Bastante destruída na guerra foi restaurada por Kraft e o que se vê hoje é a casa que ele vivia, e parte de sua coleção.
O ponto alto do acervo é um importante conjunto de gravuras do mestre do Renascimento alemão Albrech Dürer.
Reims não cabe em um bate-volta
Além de tudo que apresentamos até agora tem muito mais a ser visto e aproveitado em Reims! Por isso, não confie em quem recomenda apenas um bate-volta: você vai se sentir frustrado.
E nós nem destacamos as principais produtoras de Champagne: nos 33 mil hectares da região da Champagne são 15.000 proprietários e mais de 5 mil marcas!
Então vamos deixar para outro dia contar sobre a produção desta bebida. A Champenoise foi desenvolvida há séculos justamente nas caves que haviam sido escavadas no subsolo de Reims ainda no tempo dos romanos.
Aliás, toda semana tem assunto novo por aqui e em nosso Instagram mostramos imagens, dicas e informações interessantes e relevantes para aumentar a sua bagagem cultural. Então: siga conosco!
1 de novembro de 2020 às 17:54
Amei conhecer a história por trás da capela Foujita. Há muito o que desbravar nessa cidade, como você bem colocou um bate e volta não dá conta. Nós aqui ficaríamos uns quatro dias❤️ Parabéns pelo conteúdo, como sempre rico em arte e história 🌷
2 de novembro de 2020 às 10:05
Que bom que gostou Dani!Boa Boa pontaria a sua: 4 dias são ma boa estada. Mas há muito mais para ver no entorno! A região é linda, interessante e super romântica! 😉