A origem do nome Porto de Galinhas está ligada ao período da escravidão: o local foi um porto clandestino e a senha para avisar da chegada da “mercadoria” está ligada às galinhas d’Angola.
Tudo isto hoje é passado e a região começou a se destacar turisticamente na década de 1990 — tendo sido 10 vezes escolhida a “Melhor Praia do Brasil” pela revista Viagem & Turismo.
Confira aqui algumas informações sobre as origens de Porto de Galinhas e saiba porque hoje a região está entre os principais destinos de viagem de brasileiros e estrangeiros que visitam o litoral do nordeste.
Porto de Galinhas fica no município de Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco.
(Na imagem superior as coloridas sombrinhas que decoram a rua principal da vilinha de Porto de Galinhas).
Ressignificando o nome Porto de Galinhas
Eu estive em Porto de Galinhas pela primeira vez no final dos anos 1990 — quando o turismo ainda estava começando e o que mais chamou a minha atenção foi a beleza do imenso coqueiral vistos das jangadas dos pescadores.
Foi justamente neste período que chegou no município de Ipojuca o artista piauiense Gilberto Carcará.
Criado em Olinda ele começou a fazer arte usando matéria prima que encontrava na região: foi assim que nasceram as galinhas feitas em troncos de coqueiros mortos que hoje decoram a rua principal da Vila de Porto de Galinhas.
As simpáticas galinhas foram fazendo sucesso e Carcará conseguiu ressignificar o nome Porto de Galinhas e fez com que ficasse para trás a verdadeira origem. Hoje seu ateliê é um concorrido ponto de visitação: vale a pena marcar um horário para conhecê-lo.
A origem de Porto de Galinhas
Por mais que a História nos envergonhe, ela não pode, e nem deve, ser alterada. Por isso explicamos a seguir um pouco mais sobre a verdadeira origem do nome Porto de Galinhas.
Segundo Laurentino Gomes os primeiros escravos que chegaram ao Brasil desembarcaram justamente na Capitania de Pernambuco, entre os anos 1539 e 1542.
Continuaram a ser trazidos e comercializados durante o Brasil Holandês e em todo o período colonial, sempre tratados como mercadoria.
Em 1845 os ingleses aprovaram a lei Bil Aberdeen pela qual a Marinha Real Britânica tinha poderes de aprender qualquer navio negreiro que encontrasse pelos mares.
Na prática o tráfico escravo continuou aqui no Brasil, a única diferença é que a “mercadoria” não era mais entregue nos postos das principais cidades do país. Passaram a chegar de forma clandestina em portos menores — e é aí que entra Porto de Galinhas.
Com o controle mais rígido em Recife os traficantes passaram a aportar no local que antes era conhecido como Porto Rico, nome que havia recebido no período da extração do pau-brasil.
Mas, e as galinhas?
Alguns dos pratos mais apreciados no Brasil Colonial eram preparados com galinhas d’Angola, trazidas de navio do continente africano para o nosso país.
Para quem nunca viu uma delas ao vivo saiba que vivem em bando e são muito barulhentas — vinham em engradados e serviam para camuflar o lamurio dos escravos trazidos de contrabando.
Quando chegava uma “nova carga” a senha era: “tem galinha nova no porto“. E foi assim que a região se tornou um dos centros de tráfico de escravos no nordeste e acabou ficando conhecida por Porto de Galinhas.
Para inglês ver…
Nos anos 1830 foi aprovada no Brasil uma lei de proibição de tráfico de escravos trazidos da África, seguindo as determinações dos ingleses, principais parceiros comerciais de Portugal.
Só que era apenas uma lei “para inglês ver” já que, como vimos acima, na prática não servia para coibir as tratativas clandestinas.
Apenas em 1850 foi promulgada a lei Eusébio de Queirós, proibindo de fato o comércio transatlântico de escravos. O fato é que foi apenas em 1888 foi assinada a Lei Áurea, garantindo apenas o direito à Liberdade. Na prática não houve qualquer preocupação em dar algum apoio a esta grande parcela da nossa população.
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