Para quem já nos conhece e acompanha o nosso blog sabe que sou fanática por filmes europeus e que sempre trago por aqui listas caprichadas de filmes para viajar. Para conferir cada uma delas é só ler o post até o final.
Conto também que grande parte da minha família materna tem origem na Espanha, motivo pelo qual sempre convivi com sua cultura: música, história e tradições.
Verdadeiramente acho que o cineasta Pedro Almodóvar sabe como poucos expressar a alma de seu país, e é isso que trazemos aqui hoje nesta lista, junto aos títulos de sua carreira. Vamos lá?
Um cineasta genial
Pedro Almodóvar Caballero nasceu em 1949, em Calzada de Calatrava, a cerca de 250 km de Madri. Mudou-se algumas vezes, sempre para cidades pequenas, os pueblos que sempre representa em seus filmes.
Teve uma infância marcada por fortes figuras femininas, estudou em colégios de padres, e mudou-se para a capital espanhola com 18 anos, para estudar cinema. Trabalhou em teatro e lançou seu primeiro filme em 1980: Pepi, Luci, Bom e outras garotas de montão.
O filme é uma loucura completa, e traz no elenco Carmem Maura, Cecília Roth e Kiti Mánver — nomes que se consagraram como grandes atrizes e que sempre estiveram ligadas à Almodóvar.
Primeiros filmes de Almodóvar: a construção do estilo
No começo dos anos 1980 Pedro Almodóvar dirigiu Labirinto de Paixões, em 1982; Maus Hábitos, de 1983, sobre pecados e convento, com um elenco estrelado com Carmem Maura, Marisa Paredes e Cecília Roth; O que eu fiz para merecer isto?, de 1984, novamente com a sensacional Carmem Maura; e, Matador, de 1986, que mistura suspense, amor e a matança das touradas.
Vale prestar atenção também aos personagens a cargo de Chus Lampreave — quase nunca tem nome. Ela é a abuela de O que eu fiz para merecer isto? e a tia, em Volver.
Entretanto, foi só depois que Almodóvar fundou a sua própria produtora, El Deseo, em sociedade com seu irmão Agustín, que alcançou reconhecimento e começou a ser encarado como alguém a ser acompanhado.
Banderas e El Deseo
Em 1987 El Deseo produziu A Lei do Desejo, novamente com Carmem Maura, Victoria Abril e trazendo no elenco o até então desconhecido Antonio Bandeiras.
No ano seguinte foi a vez de Mulheres à beira de um ataque de nervos — o filme que lançou Banderas ao estrelato e chamou a atenção da mídia internacional.
Foi o primeiro grande sucesso do diretor e não pode deixar de ser visto.
Além das amigas Carmem Maura e Kiti Mánver o título traz Banderas e apresenta Rossy de Palma, atriz e modelo que ficou famosa por sua figura picassiana. Ela é, com certeza, puro carisma e talento!
Daí em diante todos os filmes de Pedro Almodóvar passaram a ser esperados, e assistidos, por uma legião cada vez maior de fãs. Vieram:
- Ata-me (1990), com Banderas, Victoria Abril e Rossy de Palma — o primeiro da carreira do diretor sem Carmem Maura;
- De Salto Alto, Tacones Lejanos (1991), com Victoria Abril e Marisa Paredes;
- Kika (1993), protagonizado pela sempre sorridente Verónica Forqué e o ator nova-iorquino Peter Coyote;
- A Flor do meu Segredo (1995), mais uma vez com Marisa Paredes;
- Carne Trêmula (1997), que traz pela primeira vez dois atores extremamente carismáticos, que mais tarde tornariam-se um casal: Javier Barden e Penélope Cruz.
Universo de Almodóvar: cores fortes, exagero e trilhas sonoras sensacionais
Os filmes de Almodóvar precisam de muitos superlativos para serem definidos: seu universo é exagerado, no limite do drama e a comédia, e sempre apresenta tabus: incesto, homossexualidade, drogas, abusos, paixão, sexo e traições.
Mestre em escolher atores que parecem ter nascido para desempenhar aqueles papéis, e músicas colocadas na hora certa: sempre um misto de tradição e rebeldia. Tudo junto, em cenários e figurinos multi-coloridos.
Não procura mostrar a Espanha dos cartões-postais, e sim as ruas comuns, os becos antigos, e as praças sempre animadas e cheias de gente — o comum do cotidiano.
As mesas são sempre fartas, com as delícias locais, muito vinho, jamon, pães, tortilhas e diversos doces tradicionais. A soma disso tudo faz com que cada uma de suas películas ganhe ares especiais. É um universo próprio.
A abertura de cada projeto, fontes escolhidas e as cores são sempre extremamente bem definidas — e, assim, inesquecíveis.
Os anos dourados e 4 sucessos incontestáveis
Entre os anos de 1999 e 2006, menos de uma década, Almodóvar produziu quatro de seus melhores filmes:
- Tudo sobre minha mãe (1999);
- Fale com ela (2002);
- Má Educação (2004);
- Volver (2006).
Além de obras-primas do cinema espanhol trazem muito da biografia do próprio cineasta. Se ainda não viu qualquer um destes filmes, ou se não se lembra bem dos roteiros: assista-os novamente!
Tudo sobre minha mãe
Para começar, o pôster é inesquecível: o desenho de uma mulher de cabelo longo e batom vermelho sobre fundo azul — obra de Oscar Mariné, um dos maiores designers e ilustradores da Espanha.
A estória se passa em Madri, começa quando uma mãe assiste a morte de seu único filho, de apenas 17 anos. No elenco estão Cecilia Roth, Marisa Paredes e Penélope Cruz.
Entre outros muitos prêmios o filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Fale com ela
Um dos meus preferidos de todos os tempos: Javier Câmara chamou a atenção de todo o mundo por seu enfermeiro Benigno. À frente do elenco estão Leonor Watling, o argentino Dario Grandinetti e a cantora Rosário Flores.
Ganhou o Oscar de Melhor Roteiro, Globo de Ouro, BAFTA, Goya…
Má Educação
Um dos filmes mais fortes de Almodóvar, é focado em personagens masculinos — algo novo em sua cinegrafia, povoada por mulheres protagonistas.
Nos papéis principais estão Gael Garcia Bernal e Fele Martínez. Má Educação trata dos fantasmas vividos na infância de Almodóvar, ainda nos tempos em que frequentava colégios de padres. Vale prestar atenção também na atuação de Javier Câmara, como Paca, e em Lluís Homar — que voltaria a ser dirigido por Almodóvar em Abraços Partidos.
Volver
É meu filme preferido deste grande cineasta e o quarteto principal é simplesmente fantástico: Carmem Maura, Penélope Cruz, Blanca Portillo e Lola Dueñas. Ganhou mais de 40 prêmios internacionais.
O foco volta, novamente, aos pueblos ao redor de Madri — onde o cineasta cresceu, e que conhece tão bem. É novamente uma estória focada em mulheres fortes, conflitos familiares, tragédias pessoais. E tem a cena inesquecível da personagem de Penélope Cruz cantando o tango Volver em ritmo de flamenco.
Filmes de um cineasta já consagrado
Entre os anos 2009 e 2019 Almodóvar rodou 5 filmes: quatro muito bons e uma comédia aos moldes da loucura de suas primeiras produções.
- Abraços Partidos (2009);
- A pele que habito (2011);
- Amantes passageiros (2013);
- Julieta (2016);
- Dor e Glória (2019).
Abraços partidos traz grandes nomes como Penélope Cruz, Lluis Homar e Blanca Portillo. E é quase tão bom quanto os anteriores.
A pele que habito chega a ser desconcertante: inesquecível pensar na dor vivida pelo personagem Vicente. Os protagonistas são Antonio Banderas e Elena Anaya, mas também estão no elenco Marisa Paredes e a então estreante Blanca Suárez.
Amantes passageiros parece ter sido filmado por pura diversão, conta com um elenco estrelado e muitos dos atores-amigos de Almodóvar: estão lá Penélope Cruz e Antonio de la Torre, que foram um casal em Volver; Blanca Suárez e Antonio Banderas, filha e pai em A pele que habito; Lola Dueñas, Cecilia Roth, Raul Arévalo, Hugo Silva e outros tantos.
Assista só se quiser conhecer toda a cinegrafia de Pedro Almodóvar, ou se gostar de pastelão.
Uma produção madura
Julieta é mais um dos filmes excepcionalmente bons de Pedro Almodóvar. A protagonista fica a cargo de duas atrizes: Emma Suárez e Adriana Ugarte. No elenco está de volta o argentino Dario Grandinetti, a talentosa Michelle Jenner e a grande Rossy de Palma.
Dor e Glória conta a história de Almodóvar e Banderas faz seu alter-ego. Seu trabalho foi reconhecido pelo público e a crítica, e Banderas foi premiado como melhor ator no Festival de Cannes.
Penélope Cruz, o argentino Leonardo Sbaraglia, e as atrizes veteranas, Cecilia Roth e Kiti Mánver, também brilham em seus personagens.
Aliás, se acha que não conhece a ótima Kiti Mánver, é só lembrar-se da atriz que faz o papel da mãe de Raquel, a Lisboa, na série A Casa de Papel.
O mais recente dos filmes de Almodóvar: Mães paralelas
O roteiro começou a ser escrito há mais de 20 anos e Penélope Cruz, uma das protagonistas, começou cotada para ser Ana, a mãe adolescente. Acabou ficando com o papel de Janis, a mãe prestes a completar 40 anos!
Não está entre os filmes que mais gostei, mas traz a assinatura do genial Almodóvar: mulheres fortes, abuso, tragédias, familia, maternidade, paixão e perdas. E, só por ser dele, vale o seu tempo.
O pano de fundo é uma ferida aberta entre os espanhóis: as mortes da Guerra Civil no início do século XX.
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